Para deixarmos Bocage descansando um pouco, já que ultimamente temos postado muitos poemas escritos por ele, nesse post discutiremos um pouco sobre o Arcadismo e outros autores que participaram dessa escola literária.
Como já dito, o Arcadismo entrou na contra-mão do Barroco, dando importância a outras questões Universais que não fossem apenas a Religião. O Barraco girava em torno da religiosidade, envolvendo Deus e santos em quase todas as suas obras, e preparando todos para um encontro final.
Um homem muito importante para o Barroco foi o Padre António Vieira, que escreveu obras de profecia, cartas e sermões.
Assim como ele foi importante para o Barroco, o nosso querido Bocage foi para o Arcadismo, e podemos distinguir um período do outro e ver claramente suas diferenças, se analisarmos as obras desses grandes homens.
De um lado temos Bocage o desbocado, que escrevia poemas extremamente eróticos e longe de serem religiosos, enquanto o Padre se detinha em espalhar a palavra de Deus e trechos da Bíblia.
Podemos dizer que o Arcadismo entrou como uma revolução; uma espécia de libertamento das algemas colocadas pelo Barroco.
O Arcadismo cansou-se de tanta exaltação religiosa; de tanto exagero em suas obras tanto artísticas quanto escritas, e passou a dar mais importância à vida terrena do que à do Paraíso. O Arcadismo se concentrava-se em retratar a vida no campo, chamado de bucolismo, e o pastorismo, atividades muito comuns naquela época. Pessoas comuns eram tidas como o objeto de "estudo" e interpretação do Arcadismo, não apenas a nobreza.
A natureza ganhou o mérito que merecia, sendo retratada em belas obras de arte e sendo citada em poemas maravilhosos. O Arcadismo deixou de lado tudo que envolvia o uso excessivo de figuras de linguagem, como no Barroco.
O nome dessa obra é "The Servant Justified" de Nicolas Lancret e representa com simplicidade a vida de duas pessoas comuns em uma situação cotidiana. No caso um pastor e uma camponesa, traço típico do Arcadismo.
Os principais autores dessa época foram:
-
António Dinis da Cruz e Silva;
- Pedro António Correia Garção;
- Marquesa de Alorna;
- Francisco José Freire;
- Domingos dos Reis Quita ;
- Nicolau Tolentino de Almeida e
- Filinto Elísio.
A seguir, leia o poema de Marquesa de Alorna, uma mulher de extrema importância para o Arcadismo, e que demonstra tão bem com este poema, todas as características de Arcadismo, exaltando a natureza e tudo o que há de belo ao redor:
Como Está Sereno o Céu
Como está sereno o céu,
como sobe mansamente
a Lua resplandecente
e esclarece este jardim!
Os ventos adormeceram;
das frescas águas do rio
interrompe o murmúrio
de longe o som de um clarim.
Acordam minhas ideias,
que abrangem a Natureza;
e esta nocturna beleza
vem meu estro incendiar.
Mas, se à lira lanço a mão,
apagadas esperanças
me apontam cruéis lembranças,
e choro em vez de cantar.
Marquesa de Alorna, in 'Antologia Poética'