quarta-feira, 4 de maio de 2016

Manuel Maria Barbosa du Bocage


O poeta português, Manuel Maria Barbosa Du Bocage nasceu em 15 de setembro de 1765 na cidade de Setúbal. Filho de José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora e ouvidor, e de Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, descendente de família da Normandia, região histórica do noroeste da FrançaEm 1783 Bocage alistou-se na Marinha da Guerra. Em 1786 viajou para o Brasil e depois para o Oriente, permanecendo na Índia como tenente. Fugiu da Marinha para poder viver uma vida errante e boêmia. Apenas em 1790 quando retornou para Lisboa, Manuel começou a atividade literária. Adotou o pseudônimo de Elmano Sadino para fazer parte da Nova Arcádia onde escreveu poemas sobre pastores, obedecendo aos clichês árcades. Contudo, Bocage era um rebelde nato e abandonou a Arcádia e passou a escrever poemas satíricos se tornando o poeta mais lido de Portugal. 

Sua obra pode ser considerada transitória, surgiu no momento marcado por grandes transformações na Europa, decorrente da Revolução Francesa e do Romantismo. A poesia individualista de Bocage já era uma antecipação do que seria a poesia romântica do século XIX. Ele pode ser considerado um dos maiores sonetistas líricos da literatura portuguesa. Escreveu todos os gêneros literários de seu tempo. Também foi acusado de satirizar o clero e a nobreza, então foi preso pela Inquisição cumprindo pena em mosteiros onde virou tradutor. Manuel Maria Barbosa du Bocage faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 21 de dezembro de 1805.

Autorretrato
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio e não pequeno;

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,

Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.

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