segunda-feira, 16 de maio de 2016

"Oh retrato da morte, oh noite amiga"

Oh retrato da morte, oh noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto

E vós, oh cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.


Breve Análise do Soneto: O soneto de Bocage tem como elementos neoclássicos a forma (soneto), a presença da mitologia : Amor (Cupido, filho de Marte e de Vênus) e o vocábulo escuridade. Nas duas quadras que o poeta dirige-se ao "retrato da morte", "noite amiga"; a caracterização da noite e ao pedido pra que, uma vez mais, ouça seus lamentos. Nos tercetos, podemos notar que o poeta suplica aos mochos, que com sua "medonha sociedade", ajudem a fartar seu coração de horrores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário